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Conheça os fatores determinantes para a expansão do Grupo Alife Nino, que hoje tem 67 operações em quatro regiões do país

Por Tatiane Ferreira

O grupo Aife Nino é reponsável por grandes marcas do setor como os bares Tatu Bola.

O processo de abertura e expansão de um negócio — ainda mais em um setor competitivo como o de alimentação fora do lar — é desafiador. Existem tantos percalços, que, todavia, podem ser superados com a adoção de estratégias que muitas vezes passam despercebidas pelo dono do negócio.

O grupo Alife Nino – holding responsável por grandes marcas do setor como os bares Tatu Bola e Boa Praça Boteco, e restaurantes como o Nino e Damarino – pode ser considerado um verdadeiro caso de sucesso quando se fala em expansão de marca.

Durante a programação do Fórum Bares & Restaurantes, realizada no Expo Center Norte em São Paulo, o vice-presidente de Relações Institucionais do Alife Nino, Flávio Sarahyba, compartilhou algumas das estratégias de gestão adotadas pela empresa nos últimos anos.

“A queima da sola de sapato é insubstituível, não só para entendermos o potencial das praças, mas também para adaptarmos os nossos produtos. Nós somos grandes entusiastas de entender os hábitos de consumo de cada região e por isso nunca trabalhamos com a ideia de nossos produtos serem imutáveis ou perfeitos.” – Flávio Sarahyba

A presença do Alife Nino no setor é forte, e alguns números ajudam a comprovar isso: são 67 operações em quatro regiões do país, com cerca de 2 mil colaboradores e uma média de 300 mil clientes mensais.

O processo de expansão partiu da visão do Alife de sempre ter como foco proporcionar o melhor momento para os clientes nos bares e restaurantes: segundo Sarahyba, a cultura do grupo é centrada em valorizar ao máximo a escolha dos consumidores, ainda mais em um mercado altamente competitivo como o de alimentação fora do lar.

A história do grupo Alife começou em 2008, com a criação da boate Heaven em São Paulo e, posteriormente, os negócios se expandiram para hamburguerias e pizzarias. Em 2010 foi oficialmente fundada o Alife, juntamente com a inauguração do bar 8 Whales.

No final de 2021, o Alife se uniu à Famiglia Nino, formando o Grupo Alife Nino. Em 2020, o grupo vendeu 20% de suas participações para a XP, resultando em uma mudança estrutural que impulsionou o crescimento, com investimentos nas áreas de expansão, engenharia, marketing e TI. Essa estratégia foi essencial para alcançar a meta de 10 a 15 novas operações por ano no Brasil.

Chave para o sucesso: conhecer a praça e o “método sola de sapato”

As estratégias de expansão do grupo Alife Nino, segundo Flávio Sarahyba, podem se resumir em utilizar ferramentas macroeconômicas para analisar o poder de consumo e a densidade demográfica da região onde se pretende abrir a operação, e realizar visitas detalhadas às cidades para mapear a concorrência e entender as preferências dos consumidores locais.

Incorporar essas informações ao planejamento foram essenciais para o crescimento da marca, hoje referência no serviço de fine dining, bares e restaurantes no Brasil.

Flávio destacou a relevância da integração dos dados demográficos e da imersão local para entender os hábitos de consumo de cada região.

“A queima da sola de sapato é insubstituível, não só para entendermos o potencial das praças, mas também para adaptarmos os nossos produtos. Nós somos grandes entusiastas de entender os hábitos de consumo de cada região e por isso nunca trabalhamos com a ideia de nossos produtos serem imutáveis ou perfeitos."

E complementa, "a partir disso, focamos na compreensão do comportamento de consumo local, investindo na adaptação e regionalização dos cardápios para promover a expansão das operações por todo o Brasil”.

O empresário, conta que ainda pontuou que todos os dados adquiridos nesse processo foram incorporados à uma plataforma de BI (Business Inteligence ou Inteligência de Negócios em português).

“Nós viajávamos para as regiões, passávamos dias na cidade e lá a gente visitava todas as operações. Interagíamos com os consumidores, ouvíamos as músicas que tocavam lá, comíamos tudo o que eles consumiam, tudo isso para validar os pontos e a oportunidade de crescimento naquela praça”, contou.

O empresário ainda reforça que, se o empreendedor deseja expandir a operação do negócio, é decisivo que ele conheça e mapeie o cenário demográfico, o público e a concorrência do lugar. E uma ação que também pode fazer a diferença, é inserir os dados observados em plataformas de software, para melhor visualização e tomada de decisão.

Adaptação e versatilidade: a aquisição do grupo Irajá

Apesar da expansão bem-sucedida, havia alguns desafios na ampliação de algumas marcas da Alife Nino, como o próprio Tatu Bola. O bar tem um formato muito específico: precisa ser em um imóvel de esquina, com uma média de 700 m², não pode estar debaixo de um prédio e precisa ter disponibilidade para receber música ao vivo, além de tem custo relativamente alto para fundar e manter.

Porém, no ano passado, o grupo Alife Nino realizou a aquisição do grupo Irajá — criado por um dos maiores chefs da cena carioca, Pedro de Artagão, e até então, responsável por marcas consolidades no Rio de Janeiro, como o boteco Rainha.

A estratégia de trabalho de Artagão à frente do Irajá fez o movimento contrário ao que normalmente fazem os chefs, segundo Sarahyba: após se consolidar no cenário gastronômico, sendo reconhecido e premiado, ele passou a trabalhar a ideia de levar a alta gastronomia para o boteco.

Ao ser adquirido pelo Alife, o boteco Rainha agora se expandiu para outras praças além do Rio, e já conta com duas unidades na capital paulista.

“Um ponto muito importante é o Rainha ser um bar mais versátil que os nossos. Então primeiro ele tem um custo de 50% da despesa de capital de bares como o Tatu Bola e o Boa Praça, ele tem uma gastronomia melhor, não tem música ao vivo e eu consigo encaixá-lo em qualquer ambiente, como debaixo de um prédio, condomínio ou edifício”, explicou.

O Grupo Alife Nino destaca-se pela estratégia do método “Sola de Sapato”, ação de expansão fundamental para o sucesso empresarial.

Com a aquisição do grupo Irajá, o formato do Alife Nino se apresenta com uma vertical de restaurantes, de superbares (como o Tatu Bola) e uma vertical do Irajá, enquanto o grupo apresenta versatilidade de serviços e continua aprimorando os produtos para os consumidores terem uma experiência gastronômica elevada.

Olhando a trajetória do ponto de vista atual, Flávio Sarahyba finalizou a sua participação no Fórum Bares & Restaurantes com a dica de que a receita para o sucesso da expansão das operações do grupo Alife Nino está em entender o consumidor no contexto em que está inserido, reconhecendo que nenhum produto é imutável e que a palavra-chave é adaptação.

"O mais importante é reconhecer que nossos produtos devem ser adaptados ao mercado local, deixando de lado a arrogância, pois em um país com culturas tão diversas como o Brasil, é crucial ajustar nossos serviços ao público local", finalizou.

*Texto adaptado da edição 158 da revista Bares&Restaurantes

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