Fundada em 2014, no Rio de Janeiro, a Momo Gelato se expandiu para São Paulo no final de 2022. Empresa se diferencia da concorrência com localização e experiência diferenciadas
Gelato, em italiano, pode até ser traduzido como sorvete para o português. Mas, para Walter de Mattos, de 61 anos, os significados são diferentes. Ele percebeu isso em 1987, quando viajou para Roma, na Itália, pela primeira vez, e experimentou um gelato artesanal de pistache. "Aquilo me marcou muito. Até hoje sinto o sabor na boca", diz o empreendedor.
A experiência o inspirou na criação da Momo Gelato, que atualmente conta com seis lojas no Rio de Janeiro. A principal unidade da marca está localizada em Ipanema e é responsável por 20% do faturamento — que chegou a R$ 20 milhões em 2022. Pedro Villaça, Cesar Puga e Ricardo Madureira também são sócios da companhia.
O foco agora é a expansão na cidade de São Paulo. Segundo Mattos, a ida para a capital paulista estava planejada para 2020, mas teve de ser adiada por causa da pandemia, e só ocorreu no final de 2022.
"Era algo que muitos consumidores que fazem ponte aérea pediam para nós. Também faz sentido expandir a marca para estar nas duas maiores capitais do Brasil", diz o empreendedor, que investiu R$ 5 milhões para reformar o espaço.
A loja fica em um prédio de três andares, na Rua Oscar Freire, sendo o primeiro dividido entre Momo Gelato e Café com Fé (cafeteria da Momo) e o segundo reservado para a cozinha. O terceiro andar será um rooftop para eventos.
"Fizemos uma loja muito grande para ser bem impactante. Portanto, ela já gera uma curiosidade natural", diz Mattos, que está feliz com o resultado. "O nível de vendas está muito bom. Estamos tendo filas nos fins de semana em determinados horários. Está correspondendo às nossas expectativas", afirma.
A Momo Gelato focará em expandir em São Paulo, e espera ter até sete unidades em três anos na capital paulista.
Experiência Gastronômica
Mattos, que já trabalhou em empresas de mídia e de transportes, sempre teve o sonho de abrir um negócio de sorvete — algo que ele gostava de consumir desde a infância — para comandar em seu tempo livre. Chegou a contatar empresas de fora do Brasil para negociar importação dos produtos, mas deixou o plano de lado. Em 2012, retomou a ideia.
"Fiz 50 anos e vi que era o momento de criar a empresa enquanto eu ainda tinha energia para isso", afirma o empreendedor, que começou a fazer cursos de gastronomia para desenvolver as receitas e o conceito da marca. "Eu era um cozinheiro amador. Tenho familiares que são da área da gastronomia, mas eu nunca tinha trabalhado na área. Foi um grande aprendizado."
O empreendedor diz que o maior objetivo da empresa é ser diferente da concorrência. Para isso, ele apostou em algumas estratégias desde a abertura da primeira unidade. Mattos ficava atrás do balcão para servir os clientes e explicar sobre o produto — assim como oferecer degustação para que os clientes experimentassem sabores diferentes.
"Investimos na experiência dos clientes, com um espaço localizado na rua mais bacana de gastronomia no Rio de Janeiro. É um local com quase 60 lugares, com muito conforto e programação musical", afirma. "As pessoas percebiam que era um produto especial sem a gente precisar explicar."
A empresa também precifica os produtos acima dos concorrentes. "Nosso custo é mais alto por causa da localização das lojas, do tamanho da equipe e dos ingredientes dos produtos", afirma. Em média, os produtos custam de 10% a 20% mais do que os gelatos da concorrência – considerando os que o empreendedor considera de qualidade.
Segundo ele, o foco é público AA — mas não apenas em questão de renda. "É em termos de consumo gastronômico. Tem pessoas que não necessariamente são ricas, mas preferem consumir o melhor da categoria. Enquanto isso, pessoas com renda mais alta, às vezes, preferem um produto da concorrência por ser mais doce ou porque se identificam mais. Nosso produto é para o consumidor sofisticado quando se trata de gastronomia", afirma.
Ele explica que existem algumas diferenças no modo de preparo: o sorvete é industrial e pode ficar armazenado e congelado (entre -18ºC e - 25°C) por longos períodos até o consumo. Já o gelato tem produção artesanal, em pequenas quantidades, e servido a -11 °C. "A experiência na língua é mais rica, já que ele não congela na boca", diz Mattos.
"Incorporamos a narrativa do gelato artesanal. Brincamos com isso nas nossas lojas. Colocamos uma placa que diz 'não me chame de sorvete, porque eu sou gelato'", diz o empreendedor. Hoje, ele acredita que o seu produto até superou o que ele experimentou na Itália.