Por Gabriel Lacerda
Localizado em Cuiabá (MT), restaurante Galeto Cuiabano foi eleito terceiro melhor restaurante da cidade; segundo proprietária, relacionamento com fornecedores, equipe e clientes é fundamental para alma do negócio
Talvez pouca gente conheça, mas galeto é uma comida original da Itália. Bem, na verdade, o nome do prato no país da bota é chamado passarinhada e foi adaptado aqui no Brasil pelos empresários do setor de bares e restaurantes que resolveram trocar os pássaros por frangos, que devem ser abatidos no décimo dia para serem considerados ‘galeto’.
Mas nem o tipo de casa que oferta a iguaria escapou dos impactos da pandemia. Em Cuiabá, capital do Mato Grosso, a única galeteria da região teve que reduzir a operação do salão e se dedicar ao delivery e, hoje, o restaurante já está faturando o mesmo que antes da pandemia a pretende expandir a marca por meio de empório.
O restaurante Galeto Cuiabano traz consigo a essência do cuidado ao próximo. Com iniciativas voltadas para qualificação do time, para a sociedade ao entorno do estabelecimento e ações para o meio ambiente, a casa é o terceiro melhor restaurante da cidade.
Aberto há sete anos pela proprietária, Lorenna Bezerra, o Galeto surgiu de uma vontade que a empresária tinha em ser dona do próprio negócio. “Sempre que podia, eu almoçava num restaurante que me despertava sempre boas sensações. Lá era meio rústico, uma música boa que servia como o meu momento de relaxamento durante a loucura do dia a dia”, conta.
“Nisso eu conversei com meu ex-marido e decidimos, na época, empreender. A gente percebeu que a maioria dos restaurantes da cidade não funcionavam depois das duas da tarde e existia uma demanda o público em encontrar ‘comida de verdade’ após esse horário. Quando decidi abrir o restaurante também queria que existisse um diferencial e aí pensamos na galeteria, não tinha nenhuma na cidade”, explica a empresária.
Durante os primeiros meses da pandemia, o restaurante que opera durante o horário de almoço, das 11h a 15h, teve que reduzir sua capacidade do salão em quase 100% e passar a atender somente por delivery ou retirada, e diminuir o quadro de funcionários em 80%.
“O meu faturamento antes da pandemia era de 90% presencial e o restante em delivery. Depois os números mudaram e o delivery passou a representar 70% de tudo o que eu faturava. Vendo isso eu tive que mudar algumas coisas em todo restaurante para conseguir atender ao público e sobreviver”, relata a proprietária da casa, Lorenna Bezerra.
As mudanças
Vendo o crescimento do delivery, a empresária teve que remodelar toda logística do restaurante e começar a entender essa nova realidade para o Galeto. “Tivemos que pensar em tudo. Ficamos com motoqueiros somente dos aplicativos de entrega, pois conseguíamos atender mais demandas.
Vimos os dados dos aplicativos e os pedidos geralmente eram pedidos para família, então mudamos todo nosso cardápio para atender esse público. Criamos combos para facilitar na cozinha e para o cliente, e elaboramos pratos que têm baixo custo”, relata Lorenna.
As mudanças deram certo e o restaurante conseguiu reduzir o impacto da pandemia. Atualmente, apesar do delivery representar 60% do faturamento, a empresária deseja que o movimento e o faturamento voltem ao salão, que tem 230 lugares para receber o público.
“Já faturo o que faturava antes da pandemia, porém o lucro é menor. Aos poucos as pessoas estão voltando a sair mais e a frequentar bares e restaurantes, espero que logo possa estar com todas as cadeiras ocupadas”, conta Lorenna.
“O percentual da população vacinada com a primeira e segunda dose está em 60% e esse número contribui para a volta do público para os restaurantes. Eles ficam cada vez mais seguros”, pontua.
A comunidade
Desde a criação do Galeto Cuibano, a proprietária da casa, Lorenna Bezerra, sempre se preocupou com o entorno no qual o estabelecimento estava.
“O restaurante é feito de pessoas para pessoas. Desde quando o Galeto nasceu, nos preocupamos em cuidar de quem está por perto. Seja fornecedor, cliente ou o time, tem que ser bom para todo mundo”, conta.
No restaurante, as embalagens foram substituídas para vasilhames recicláveis e menos nocivas ao meio ambiente. Por lá também ocorre a coleta seletiva e o material coletado é doado para instituições que cuidam de crianças da cidade e todo dia 29, a empresária, realiza o nhoque solidário.
“Na Itália, todo dia 29 acontece o nhoque da fortuna, aqui adaptamos e doamos 50% do valor arrecadado nessa data para o Abrigo Bom Jesus, que cuida de idosos”, relata Lorenna.
Devido aos decretos em prevenção à propagação do coronavírus, Cuiabá, capital do Mato Grosso, ficou fechada por muitos dias. Durante esse período, os motoqueiros que paravam no Galeto Cuiabano tinham uma área exclusivas para eles.
“Disponibilizamos água, álcool em gel para as mãos e equipamentos, as comidas que fazíamos vendíamos a preço de custo para eles. Tinham um espaço para eles esperarem e poderem voltar a viajar”, conta.
“Eu trabalhei numa locadora e conheço muitos filmes e livros. Quando a gente enviava um pedido por delivery, sempre mandava sugestão de filme e uma pipoca para que as pessoas pudessem sentir que estamos com elas”, completa Lorenna.
A chave do sucesso
Uma das iniciativas que acontecem dentro do Galeto Cuibano é o investimento na brigada. Dentro do restaurante, ocorre o ‘masterchef ’ com o time da casa.
Segundo Lorenna, a ideia é chamar cada um dos funcionários e eles, sozinhos ou em dupla, elaborarem pratos que serão vendidos no local.
Para avaliar as receitas criadas são convidados amigos e clientes que julgam e definem o que vai para o cardápio final.
O time também é levado mensalmente para treinamentos de liderança e os atuais líderes da casa possuem consultoria com profissionais de gestão.
“É um investimento, não é custo. A gente tem que ajudar a desenvolver lideranças, a contribuir para evolução dos colaboradores”, pontua Lorenna Bezerra, proprietária do Galeto Cuiabano.
Todas as ações resultaram na conquista do título de terceiro melhor restaurante da cidade de Cuiabá pelo TripAdvisor, que é comemorado por toda equipe.
“A gente tem padrão. Desde a montagem dos pratos até o atendimento. Quando você padroniza você diminui a chance de errar. Treinamos muito, temos protocolos e isso quando o cliente volta faz com que ele encontre a mesma qualidade”, diz.
Sobre o futuro, Lorenna diz que vai investir no empório e levar os produtos do Galeto Cuiabano para todo estado e posteriormente para o país.