Notice: Undefined variable: base in /var/abrasel.com.br/revista/site/templates/head.inc on line 68

Em entrevista para o canal do Youtube da Bares & Restaurantes, fundadora do projeto Acessibilibar fala sobre as principais dificuldades para PCD's em estabelecimentos

Projeto Acessibilibar nasceu em meados de 2023 e já certificou mais de 40 estabelecimentos em Belo Horizonte. Foto: Divulgação

Aline Castro nasceu com atrofia muscular espinhal e precisou usar cadeiras de rodas durante toda sua vida, mas isso não a impediu de ter uma vida ativa em Belo Horizonte. Em razão de suas próprias dificuldades de frequentar bares e restaurantes, decidiu criar o projeto Acessibilibar.

O projeto consiste em visitas de estabelecimentos, onde ela se certifica que o local preenche os requisitos e entrega um certificado de que o bar ou restaurante é adequado para receber o público PCD. Confira a entrevista de Aline para a Bares & Restaurantes.

Como surgiu o projeto Acessibilibar?

Sempre lutei não só pelos meus direitos, mas por uma melhoria coletiva. E, com o passar do tempo, recebi muitas mensagens por eu ter uma vida ativa em Belo Horizonte. As pessoas com deficiência me mandavam mensagens me perguntando se eu conhecia determinado estabelecimento e se eu sabia se ele era acessível.

Em Belo Horizonte, temos uma imensidão de opções de lazer. Mas, infelizmente, mesmo a acessibilidade sendo uma lei, não é cumprida porque não existe uma conscientização. Então, eu juntei, não só as minhas vivências individuais, mas sim uma necessidade coletiva das pessoas com deficiência. Criei o Acessibilibar justamente para trazer essa conscientização.

Falta um apoio governamental para que essas leis sejam cumpridas?

Acredito que a acessibilidade deve ser uma questão do Estado, mas também do cidadão. Devemos contar com o apoio do Estado para essa implementação, fiscalização e medidas de conscientização.

Em qual estágio você vê que está a acessibilidade em bares e restaurantes?

Eu vejo que hoje as pessoas sequer sabem o que é acessibilidade. Eu costumo muito dizer que a acessibilidade é mais que rampa. A maior parte dos estabelecimentos já tem uma rampa de entrada.

Só que isso nos dá condição de entrar no estabelecimento. E aí, você entra, você está com uma turma de amigos, você come, você bebe... mas quando você quer usar o banheiro, não tem um banheiro.

Outra questão também são as mesas e banquetas altas. E eu, como cadeirante, chego no local que só tem aquelas mesas e banquetas altas, não tem como eu comer, eu apoiar um copo, além de atrapalhar a comunicação. O que eu vejo é que a maior dificuldade não é a de entrar no estabelecimento, mas é a de permanecer nele.

Quais os critérios que você observa para dar o certificado ao estabelecimento?

Primeiramente, olhamos a questão da entrada. Vemos se existem rampas ou elevadores como alternativa para degraus. Depois analisamos a questão do banheiro acessível funcional, porque já fui em vários lugares que não se consegue nem abrir a porta.

Olhamos mesas e cadeiras na altura padrão, além das banquetas altas. Tem também a questão da presença de cardápio físico e digital, que é uma questão muito importante principalmente para pessoas com deficiência visual ou que têm alguma dificuldade de comunicação.

Quais as cidades que são referência no Brasil em acessibilidade?

Temos as cidades do sul que são referências em acessibilidade. E realmente são, pelo menos na acessibilidade estrutural. Então, lá existem condições de caminhar pela cidade muito mais tranquila do que em Belo Horizonte.

Existe uma percepção também das pessoas com deficiência. Então, assim, só de você ver mais pessoas transitando pelas ruas, você enxerga essas pessoas como um potencial público. Essas pessoas podem frequentar qualquer tipo de ambiente.

Então, naturalmente, donos de estabelecimento já colocam a acessibilidade como um ponto central. E eu percebo também que tem cidades como, por exemplo, recentemente eu fui em Brasília e fiquei chocada.

Eu falei "meu Deus, se eu morasse aqui, estaria perdida". Porque, está muito atrás nas questões estruturais. Eu posso contar nos dedos de uma mão as rampas que eu vi numa faixa de pedestre.

Assista a entrevista completa com Aline Castro no canal da Bares & Restaurantes no Youtube.

Comentários