Notice: Undefined variable: base in /var/abrasel.com.br/revista/site/templates/head.inc on line 68

Cofundadora do Comida di Buteco fala sobre o papel do concurso e como ele promove a integração entre o presencial e o digital

Maria Eulália na gravação do podcast em Brasília. Foto: Lucas Macedo

Maria Eulália Araújo é uma das fundadoras do concurso Comida di Buteco, que há mais de duas décadas atua como uma vitrine para estabelecimentos em todo o Brasil. Ela também é a mais nova convidada do podcast O Café e a Conta, em que fala sobre a trajetória do evento e seu papel em relação à jornada dos negócios participantes.

Durante o bate-papo, ela comenta transformações que permearam não apenas o concurso, mas a sociedade como um todo: o fortalecimento do mundo digital. Maria Eulália explica a importância da integração entre ele e o presencial, que juntos podem tornar a experiência do cliente ainda mais completa e levantar os resultados até mesmo dos estabelecimentos mais tradicionais.

Além disso, ela fala sobre o perfil dos participantes e o comportamento que devem manter para ter sucesso durante o concurso e fora dele - o que inclui uma postura firme de empreendedor.

Leia abaixo um trecho da entrevista ou assista na íntegra!

O Café e a Conta: Como o Comida di Buteco e outros eventos podem aumentar o movimento de bares e restaurantes, em um movimento que termina no presencial, mas que começa online?

Maria Eulália: Bom, a gente começou o Comida di Buteco 25 anos atrás. Salvo engano, a internet ainda era até discada. Então, definitivamente, o digital não foi uma plataforma de lançamento para o Comida di Buteco.

Ele nasceu dentro de uma emissora de rádio. E o nosso desafio era o seguinte, a gente queria dar visibilidade a botecos tradicionais, esse boteco de família, de dono, que estava perdendo o espaço frente às franquias, às grandes redes, aos bares mais estruturados.

Nós criamos um modelo de evento que já nasceu do jeito que ele é hoje, que é um concurso, e através da emissora de rádio, a gente convocava as pessoas a visitar os botecos participantes. Cada um deles criava um petisco, sempre ligado às suas raízes, e o consumidor se engajava com uma avaliação que passava pelo petisco, mas também atendimento, temperatura da bebida e higiene.

Acho que é importante falar dessa história, porque lá atrás não existia o digital com essa presença que existe hoje. Hoje, ele é uma das alavancas que a gente utiliza para levar pessoas para o boteco. Mas a gente continua ainda muito forte com as mídias tradicionais.

Nós temos parcerias com emissoras de TV, fazemos muita mídia exterior, e o digital é, sem dúvida, uma das plataformas de divulgação. O nosso desafio é sempre gerar fluxo nos bares participantes. Então, é levar o consumidor para uma experiência real e presencial nessa rede de botecos que concorre.

Nesse ano de 2024, a gente teve mil bares participantes, de norte a sul do Brasil, e a gente movimentou mais de 12 milhões de pessoas no período de 31 dias. Foram um milhão e 200 mil votos de papel preenchido à mão.

E qual é o contraponto entre o digital e o presencial? O DNA do Comida di Buteco é oferecer uma experiência presencial.

Mas o mundo mudou nesses 25 anos, e principalmente de cinco anos para cá, a gente tem uma alavancada de novas redes sociais que têm, sem sombra de dúvida, uma influência absolutamente impactante no comportamento das pessoas, e no comportamento de consumo das pessoas também. E na forma como elas socializam.

Não tem como escapar disso, o digital é uma plataforma de divulgação para o Comida di Buteco, mas o nosso foco é a experiência presencial. Esse é o ponto.

O Comida di Buteco tem 25 anos e ainda se mantém fiel à sua essência.

Sem dúvida. A cada momento que a gente dá um passo novo, expande uma nova cidade, temos mais cuidado, por exemplo, com a escolha dos botecos que vão participar. Existe um denominador comum entre os 1.200 participantes do ano que vem. Em todos, os donos estão presentes.

Preservar a natureza desse tipo de estabelecimento é uma das chaves, eu acredito, de sucesso. E principalmente porque, nesses últimos anos, a gente vem assistindo também, por parte do consumidor, uma vontade de resgatar coisas de raiz.

Os estabelecimentos aguardam com ansiedade essa data, porque ela aumenta o movimento e o faturamento. Se antes existia o boca a boca, hoje você tem o panfleto online também, assim como as grandes franquias têm as suas estratégias de Marketing.

Exatamente. O Comida di Buteco vem como essa grande alavanca de comunicação para os botecos que, em maioria, pelo menos quando começam a participar, não têm um pensamento estratégico de verba de marketing. Muito menos a própria verba para o marketing.

E por serem estabelecimentos pequenos, muitos são tradicionais, mas não necessariamente vêm com um fôlego financeiro mais pujante.

Nós gravamos um episódio com o Nenel, do Baixa Gastronomia, e eu gostaria de repetir uma pergunta que fiz a ele para você. Você acha que o tempo do “amadorismo” está acabando para esse tipo de estabelecimento? Você vê algum futuro para os próximos cinco, dez anos, frente a essas franquias, grandes investidores?

Eu vou trazer essa pergunta para dentro do Comida di Buteco. Quando a gente convida um bar para participar, às vezes acontece de ser um bar que não tem nem alvará, e que está num processo absoluto de informalidade.

Que é a natureza do setor.

Que é a natureza do setor. E o que a gente fala? Cara, a gente vai trazer você para um painel em que você vai ser enxergado, às vezes, até internacionalmente. Você até pode entrar sem alvará, mas na medida que for se mantendo classificado, vai ser necessário que comece a profissionalizar mais.

Você precisa se entender não só como um dono de boteco, mas como um dono de negócio. Ter uma gestão mais estruturada.

Em virtude disso, tem donos de bar que preferem, inclusive, não participar. ‘Não, não, não, pelo amor de Deus, não me dê mais trabalho’. Está tudo certo, deixe ele lá.

O mercado como um todo vive um momento de extrema concorrência. E esse setor tem ainda um nível de informalidade que precisa ser mais bem estruturado. Mas eu acho que a poesia tem que permear a parte mais burocrática.

Assista à entrevista completa com Maria Eulália!

Comentários