Fotógrafo Michel Téo Sin demonstra como imagens bem produzidas potencializam vendas e encantam clientes
Por José Eduardo Camargo
Na era das redes sociais, a imagem desempenha um papel crucial no marketing de bares e restaurantes. A fotografia, mais do que nunca, tornou-se uma ferramenta indispensável para atrair clientes e consolidar a identidade do estabelecimento.
Para entender a profundidade desse fenômeno, a B&R procurou Michel Téo Sin, um dos pioneiros da fotografia de gastronomia no Brasil, que compartilhou suas valiosas experiências e dicas sobre como uma boa imagem pode transformar um negócio.
A influência da fotografia na gastronomia
O fotógrafo com quase duas décadas de experiência em fotografia publicitária, ressalta a importância de reservar uma porcentagem do faturamento para o marketing, especificamente para a produção de imagens de alta qualidade. “A fotografia influencia muito, tanto ao vivo, com o cliente em casa, com o cardápio, com o menu board, com o totenzinho na entrada; influencia bastante na venda”, afirma Michel.
Ele destaca que uma imagem bem-feita pode ajudar o empresário a controlar os insumos em estoque e a vender produtos com melhor margem de lucro.
Fotografia ilustrativa x Fotografia conceitual
Michel categoriza as fotos de gastronomia em duas principais: ilustrativa e conceitual. A fotografia ilustrativa, geralmente com fundo liso, é focada no produto, evidenciando a qualidade e os ingredientes do prato. “Visualmente, a proteína deve estar em destaque, pois é o elemento mais caro do prato”, explica.
Já a fotografia conceitual vai além, transmitindo sentimentos e experiências que o cliente pode ter ao consumir o produto. “Com uma imagem, podemos transmitir aconchego, memórias afetivas ou um ambiente cosmopolita, por exemplo”, detalha Michel.
Dicas práticas para fotografar pratos e ambientes
Michel compartilha algumas dicas práticas para quem deseja investir em fotografia de qualidade:
1. Escolha o tipo de imagem: Decida se quer uma foto ilustrativa do prato ou uma foto conceitual que represente a essência da marca. Um exemplo: em vez da foto do prato isolada, que tal colocar um pouco de ambientação, com uma taça de vinho ou um objeto bacana de decoração de mesa, se for um restaurante voltado para casais?
2. Iluminação: Dê preferência à luz natural, que valoriza a textura e a cor dos alimentos. “Evite usar luz frontal. Prefira luz lateral, que dá volume e destaca as texturas”, recomenda.
3. Proporção Visual: Mantenha a proporção dos ingredientes conforme a ficha técnica do prato. Isso ajuda a transmitir uma imagem fiel e atrativa. Tenha certeza: o seu cliente vai comparar as porções dos ingredientes na foto com o prato à frente dele.
4. Destaque para a proteína: A proteína deve estar sempre em destaque, pois geralmente é o ingrediente principal e mais caro. E também o que desperta mais o apetite.
5. Uso de luz artificial: Se precisar usar luz artificial, utilize luzes com a mesma temperatura de cor para evitar distorções na imagem (nada de misturar a luz branca de led com uma luz âmbar de um spot, por exemplo). Só use o flash se você tiver muita intimidade com técnicas de iluminação.
6. Pós-produção: Cuidado com os ajustes de cores e tons. Eles devem estar alinhados com a identidade visual da marca, seja ela mais leve e saudável ou mais densa e contrastada. As cores, os tons e até o tipo de iluminação devem refletir a proposta do estabelecimento.
“Se você tem uma comida mais saudável, provavelmente a identidade visual será mais clara e suave. Para uma marca ousada, como a deum bar de drinques, opte por contrastes e saturações mais fortes”, sugere.
Food styling: Entre a realidade e a ficção
Uma parte polêmica na fotografia de gastronomia é o uso do food styling, que nada mais é que o trabalho minucioso de preparar prato, cenário e luz para que a comida pareça fresca e irresistível.
Michel defende que o food styling deve ser utilizado para valorizar o prato sem enganar o consumidor. “Um bom food styling alinha a produção do prato para fotografia de forma cuidadosa, mas fiel à realidade, sem usar truques exagerados, como trocar ingredientes por outros elementos”, pontua. Isso evita frustrações e mantém a credibilidade do estabelecimento.
Assim truques que eram comuns no passado, como trocar a gema de ovo pela metade de um pêssego em calda, hoje são vistas com reservas.
Para mais informações e inspiração, visite o site de Michel Téo Sin e explore o universo da fotografia gastronômica.
*Texto adaptado da edição 158 da revista Bares&Restaurantes