A exposição do presidente do Banco Central (BC), na primeira manhã dos dois dias de palestras e debates do Congresso Abrasel, concidentemente acabou sendo o tom predominante nas falas dos demais expositores.
Por Valério Fabris
“O desafio de qualquer governo é equilibrar o social com o fiscal”, diz Roberto Campos Neto. As palavras e expressões mais usadas pelos demais painelistas naturalmente seguiram a mesma linha do equilíbrio, sem polarizações, extremismos e radicalizações. O âncora do painel de Roberto Campos Neto foi o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci.
Entre os vocábulos e termos mais pronunciados pelos demais conferencistas e debatedores, ao longo dos dias 16 e 17 de agosto, ouviam-se estes: integridade, higidez, empatia, equilíbrio, bom senso, valor à educação, inclusão digital, prosperidade, redução da pobreza, produtividade, visão de futuro.
O presidente do BC disse ao público local e aos expectadores de todo o país, conectados à transmissão online, que a atual conjuntura se caracteriza por um lento estágio de queda da inflação, requerendo serenidade na condução da política monetária.
“Acho que o desafio de qualquer governo, no pós-pandemia, é o de equilibrar o social com o fiscal. É importante também olhar para o social. Que o social não seja simplesmente assistencialismo, mas seja dar a oportunidade para a pessoa crescer e se inserir no mundo competitivo. É óbvio que isso é muito mais fácil falar do que fazer. Mas eu acho que a forma de crescer é tendo credibilidade”.
Um exemplo de credibilidade, antes mencionado por Roberto Campos, foi a que resultou do PIX, que, no dia 4 de agosto (duas semanas antes daquela sua participação no Congresso Abrasel) bateu um novo recorde no seu sistema de transferências feitas pelos usuários, alcançando o total de R$ 142,2 milhões.
O lançamento do PIX ocorreu no dia 5 de outubro de 2020. “Sempre agradeço ao quadro de funcionários do Banco Central, porque o PIX foi feito durante a pandemia, com pessoas trabalhando em casa, algumas durante a noite, para colocá-lo no ar. Lembro que outros países tentaram, na pandemia, fazer o PIX, e não fizeram”.
O mediador do painel, Paulo Solmucci, aproveitou a pausa do palestrante para “destacar”, como ele próprio disse, que a palavra “credibilidade” serve a um contexto correlato, dizendo respeito à imagem que o quadro do Banco Central tem da Abrasel, e vice-versa.
“Alguns poucos meses antes de ser lançado o PIX, recebi uma ligação do Banco Central. Solicitava-se uma conversa pessoal (na sede da executiva nacional da Abrasel, em Belo Horizonte) para ouvir nossas opiniões sobre a forma de se promover o PIX”.
E assim foi feito. O “histórico episódio’, como Paulo Solmucci afirmou à revista Bares & Restaurantes, foi um ato de manifestação de confiança, de elevado conceito e sentimento de plena segurança recíproca que sempre esteve presente no relacionamento entre o BC e a Abrasel, com destaque ao período da pandemia.
“Isso muito nos orgulha, sobretudo por ter ocorrido em um momento tão dramático para a economia em geral e ainda mais dramático para o nosso setor. E o feito do Banco Central repercutiu além-fronteiras. O presidente Roberto Campos foi eleito, pela prestigiosa revista britânica The Banker como, internacionalmente, o melhor presidente de Banco Central de 2020”.
Assim o presidente da Abrasel concluiu sua fala ao presidente do BC: “Então, por seu intermédio, quero afirmar a todo o time de funcionários do Banco Central – em nome do Brant (Carlos Eduardo Brant, chefe da gerência de Gestão e Operação do PIX), e ao Breno (Breno Santana Lobo, chefe da Subunidade do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro) que é máxima a nossa credibilidade em vocês”.
E à B&R, o presidente da Abrasel completou: “O Banco Central do Brasil é um orgulho de todas as pessoas que têm como valores de vida a fé, a confiança, a ética, o zelo pelo bem comum”.