Por Carolina Cerqueira
Ao importar alimentos de outros estados, algumas leis e cuidados devem ser seguidos para garantir a qualidade do prato final para seu cliente
A música “Voando pro Pará” da cantora Joelma viralizou algumas semanas atrás, aumentando as pesquisas referentes ao famoso prato Tacacá, típico da região do Pará.
Bares e restaurantes de todo o país que oferecem pratos típicos precisam ter um maior cuidado na hora de adquirir o insumo de outros estados para a produção da receita. O processo vai desde a escolha do fornecedor, transporte e armazenamento para garantir a qualidade fidedigna do prato para o cliente final.
A especialista em segurança dos alimentos e gerente de conteúdo da Abrasel, Adriana Lara, destaca a importância do acompanhamento do Controle do Frio. O processo engloba desde o transporte correto por parte da transportadora até a chegada dos insumos no estabelecimento.
“O comprador deve sempre se atentar para adquirir insumos de fornecedores que possuem registros e que estão conformes às leis da ANVISA e as demais regulamentações que podem variar de acordo do produto e do estado, visando assim, a qualidade do produto até a chegada para o consumidor final”, destaca Adriana.
A especialista ainda afirma que “a cozinha não consegue fazer mágica; se a matéria prima não chega com qualidade, o produto final não vai ter qualidade”
A proprietária de 2 estabelecimentos em São Paulo que são voltados à cultura Nortista, a Casa Tucupi e o Sobrado Tucupi, Amanda Vasconcelos, contou para a equipe da Bares&Restaurantes que sentiu um aumento nas vendas do prato depois que a música viralizou em seus restaurantes e quais os cuidados que ela tem com ao comprar ingredientes vindos do Norte do país;
“A maioria das coisas vem de avião, então os ingredientes vêm do Norte congelados e quando chegam aqui, cerca de 4 horas depois, por exemplo, nós já estamos com o esquema de logística preparado no aeroporto para retirada desses produtos até a chegada no restaurante. A ideia é ser eficiente e ágil para garantir a maior qualidade desses alimentos”, diz Amanda.
A ANVISA estabelece as Boas Práticas de Fabricação (BPF) para o transporte de alimentos, abrangendo requisitos específicos relacionados a veículos, embalagens, temperatura e documentação. Os veículos,por exemplo,devem garantir higiene e proteção da carga, incluindo limpeza regular, adequação ao tipo de alimento e controle de temperatura para produtos perecíveis.
As embalagens devem ser íntegras, limpas e adequadas, visando preservar as características dos alimentos e evitar contaminações. A temperatura durante o transporte de alimentos perecíveis deve ser constantemente monitorada e registrada de acordo com as especificidades de cada produto.
Além disso, o transportador deve portar documentação fiscal que comprove a origem e procedência dos alimentos, assegurando a rastreabilidade quando necessário, incluindo nota fiscal, certificado de origem e laudo de análise laboratorial, se exigido. Essas diretrizes visam garantir a segurança e qualidade no transporte de alimentos.
Em Belo Horizonte, Fernanda Souza, dona do restaurante Flor de Jambu, que trabalha com a compra de produtos do Norte há 4 anos, reforça a importância de sempre buscar fornecedores que consigam atender as demandas do restaurante da melhor forma;
“Busco sempre por pequenos produtores e fornecedores mais naturais, que atendam as bandeiras e valores que defendemos e também que cumpram as exigências dos órgãos sanitários responsáveis para evitar a perda de qualidade dos insumos”, conta Fernanda.
A empreendedora ainda complementa que o estabelecimento faz questão de comprar alimentos vindos de outros estados pois, além da diferente qualidade, é uma forma de ajudar a economia local.
Ao observar os cuidados e a legislação vigente no âmbito do transporte e armazenamento de alimentos interestaduais, o estabelecimento consegue assegurar que o insumo não perca qualidade para, assim, entregar um bom prato final para o consumidor.