Tese de pesquisadora da UFMG revela a conexão emocional dos clientes com os botecos na cidade mineira, cidade reconhecida pela Unesco como capital da gastronomia
Por Guilherme Paixão
Conhecida popularmente como capital dos bares e também declarada Cidade criativa da gastronomia pela Unesco em 2019, Belo Horizonte carrega em sua cultura uma ligação muito forte com os botecos. E foi esta relação que a tese “Autenticidade e nostalgia na experiência dos consumidores de bares e botecos de Belo Horizonte - capital criativa da gastronomia”, da pesquisadora Georgia Caetano dos Santos, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) buscou entender.
“Os entrevistados (durante a pesquisa para a tese) narravam sua ligação com os bares com muita nostalgia. Citaram momentos da infância em que estiveram nos botecos junto aos pais, tio, avós e ficaram brincando nos ambientes. É uma lembrança de tempos bons para a maioria”, analisa Georgia.
Apesar de ser o segundo estado mais populoso do país, inclusive com a 3ª maior região metropolitana do país, Minas Gerais tem uma relação muito ligada ao interior mesmo em sua capital. É um local muito conhecido pelas cidades históricas, gastronomia e também pela hospitalidade de sua população, inclusive reconhecida pelo Traveller Review Awards 2021 como uma das dez regiões mais acolhedoras do mundo.
E todo este contexto reflete na preferência dos consumidores mineiros em bares. De acordo com Georgia, fatores relatados como essenciais nos estabelecimentos remetem ao senso de pertencimento do mineiro.
A capital mineira tem 40.620 estabelecimentos de gastronomia, de acordo com dados do Cadastro Municipal de Contribuintes, de maio de 2022. Destes, cerca de 14 mil são bares. Portanto, fica evidente um mercado muito competitivo, porém com muita demanda em Belo Horizonte.
Para se destacar no mercado mineiro, é sim necessário saber inovar e se diferenciar, mas também saber aproveitar o “jeitinho mineiro” de ser, aliando hospitalidade e tradição, essenciais para fazer sucesso neste estado.
Consumo de álcool
De acordo com um estudo realizado pela IPC Maps, especialista em potencial de consumo brasileiro, Minas Gerais se destaca no cenário nacional pelo seu consumo de bebidas alcoólicas, com um gasto total de R$ 2,8 bilhões, e ocupa a segunda posição no ranking. Fica atrás apenas de São Paulo, que registrou um gasto de impressionantes R$ 7,4 bi no último ano. Em terceiro lugar encontra-se o Rio de Janeiro, com uma diferença de R$ 5 bilhões para o segundo colocado.
É notável o crescimento do gasto em Minas Gerais, com um aumento de 9,6% em relação ao ano anterior, consolidando-se como um reflexo da retomada econômica. Comparado ao primeiro ano da pandemia de Covid-19, em 2020, o aumento foi ainda mais significativo, e chegou a 22%. Esses números evidenciam a relevância do setor de bebidas alcoólicas no estado e sua contribuição para a economia local.
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